terça-feira, 6 de novembro de 2007

Governo estuda novos investimentos na Bolívia

São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007





Lula quer mais investimento na Bolívia

Apesar de problemas recentes, presidente diz que Petrobras e empresas privadas devem investir para elevar oferta de gás

Lula reconhece escassez de gás, diz que será preciso estabelecer prioridades para fornecimento, mas que os carros terão o produto

HUMBERTO MEDINA
FELIPE SELIGMAN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após os desentendimentos que culminaram com a suspensão de novos investimentos da Petrobras na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que a estatal brasileira retome os seus investimentos no país vizinho e seja acompanhada nesse movimento por empresas privadas nacionais. A intenção do presidente é viajar para a Bolívia no dia 12 de dezembro acompanhado de um grupo de empresários.
Segundo Lula, os novos investimentos da Petrobras na Bolívia são necessários para aumentar a oferta de gás no Brasil. "Todos nós sabemos que a Petrobras tem que fazer investimentos para que a gente possa ter mais garantia de que a Bolívia terá mais gás para exportar, não apenas para o Brasil, mas para o seu uso interno e para a Argentina", disse.
Lula reconheceu que o país sofre escassez de gás e que é necessário estabelecer prioridades para o fornecimento, com garantia para as usinas termelétricas de geração de energia. "Obviamente o Brasil vai ter que priorizar, vai ter que, primeiro, garantir o funcionamento das termelétricas, porque é para produzir energia para a sociedade brasileira. Depois, você tem as indústrias e, depois, você tem os carros."
Apesar de pôr as termelétricas em primeiro lugar na escala de prioridades para receber o gás, Lula disse que os motoristas que já investiram para converter seus carros para rodar com GNV (Gás Natural Veicular) não correm riscos. "Ninguém colocou tamborzinho de gás no carro porque quis, houve incentivo para que fizesse aquilo. Portanto, [para] as pessoas que já têm [carro a gás] vamos ter que fornecer e garantir a tranqüilidade."
Lula listou algumas iniciativas que estão sendo tomadas para aumentar a importação de gás, incluindo o gasoduto com a Venezuela e a importação de GNL (Gás Natural Liqüefeito).
O GNL é importado por navio de países como Argélia, Trinidad e Tobago e Qatar e precisa ser regaseificado. A Petrobras está investindo em duas plantas de regaseificação -uma no Rio e outra no Ceará-, obras incluídas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Ontem, às 15h, o presidente Lula ligou para o presidente boliviano, Evo Morales. Segundo o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, a conversa durou 15 minutos. O porta-voz disse que Lula está otimista com a visita do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, à Bolívia hoje.
Segundo Baumbach, Lula e Morales deverão aproveitar a Cúpula Ibero-Americana, em Santiago, quinta e sexta, para fazer uma reunião preparatória do encontro de dezembro.
A Petrobras mantém na Bolívia a exploração de gás nos campos de San Antonio e San Alberto, mas tinha refluído de fazer novos investimentos no país após Morales decretar a nacionalização do combustível. O boliviano, que teve apoio de Lula para se eleger, denunciou contratos anteriores e retomou as refinarias brasileiras. No auge da crise, o Exército boliviano chegou a ocupar instalações da Petrobras.
Na semana passada, a Petrobras restringiu o montante de gás entregue a distribuidoras do Rio e de São Paulo ao volume previsto em contrato. O objetivo era cumprir um termo de compromisso com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que obriga a estatal a priorizar o atendimento a usinas térmicas movidas a gás. A ação gerou temores de escassez de energia.
A Petrobras disse ontem que registrou recorde no domingo de geração de energia elétrica para o Sistema Interligado Nacional, com 2.900 MW. O volume é superior ao previsto no termo de compromisso.

Reunião
Lula realizou, ontem à noite, reunião com as principais autoridades do setor energético para discutir os problemas de oferta de gás e energia. O encontro terminou por volta das 23h40. Segundo o Planalto, não foi uma reunião para tomar decisões, mas para traçar diagnósticos e pensar o médio e o longo prazo. A avaliação dos participantes é que não há risco de abastecimento.
Participaram da reunião os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Nelson Hubner (Minas e Energia), além de Gabrielli (Petrobras) Haroldo Lima (ANP), Jerson Kelman (Aneel), Hermes Chipp (ONS) e Maurício Tolmasquim (EPE).


Colaborou JANAINA LAGE , da Sucursal do Rio

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